NÃO BASTA GOSTAR DE CRIANÇAS PARA SER UM PROFESSOR OU UMA PROFESSORA
Enedina Faustino Braz
Os professores, paulatinamente, vem sendo reconhecidos como profissionais que
atuam não apenas como técnicos, mas que tomam decisões importantes em um
ambiente muitas vezes desconhecido e complexo. Decisões estas, como diria Paulo
Freire, ousadas, pois o professor precisa ter ousadia para ser capaz de encarar
sua tarefa árdua, complexa, cheia de desafios a cada dia e a cada aula. E para
ser capaz de desenvolver o verdadeiro papel de educador com profissionalismo é
necessário, acima de tudo, conhecimento. Contudo, os conhecimentos que são imprescindíveis,
apenas a graduação e formação continuada, não são suficientes. É preciso
também, que no interior das escolas, o professor tenha um espaço e tempo para
refletir sobre suas práticas pedagógicas. Segundo Saretta e Aragão (2013) a
importância dessa consciência e da clareza em relação aos objetivos que desejam
ser atingidos, é o que faz toda a diferença na vida prática dos professores.
É comum ouvirmos que para trabalhar na alfabetização,
principalmente na educação infantil, “basta gostar de crianças”, afinal, “são
apenas crianças pequenas”, “então não precisa ser uma pessoa formada em
pedagogia”. Devido a isso, coloca-se pessoas que muitas vezes não tem o
compromisso com o desenvolvimento e com o aprendizado das crianças, que
futuramente poderão ter “prejuízos” e danos em sua formação e que dificilmente
serão reparados. Pessoas
que, na visão de Saretta e Aragão (2013), sequer entendem sobre o
desenvolvimento infantil, abrindo margem para que as crianças sejam cuidadas e
educadas da forma como cada um acha certo, o que remete à história de vida e a
reproduções errôneas de educação.
Lembra do que Alice no País das Maravilhas, num determinado
momento da sua caminhada perguntou ao gato? Ela pergunta: “Gatinho, para que direção devo
seguir? , o gato, depois de pensar um pouco, diz: “se você não sabe qual
direção deve seguir, qualquer caminho serve!”. É exatamente disso que estamos
falando. Quando o professor não sabe o caminho que deve seguir, quando não sabe
para onde conduzir a criança, certamente, as coisas darão errada. Não basta
gostar de crianças, não basta ser uma boa mãe, não basta ser uma “tia coruja”,
etc. Para ser uma boa professora da educação infantil, não basta amar o que faz,
se não souber para onde deve ir, isto é, se não souber o que deve fazer. Na
visão de Saretta e Aragão (2013), é essencial saber o que fazer, quais atitudes
tomar, quais referenciais teóricos se basear, revisando constantemente e
refletindo sobre suas práticas pedagógicas.
A partir
da LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 20 de dezembro de 1996, a
educação infantil passou a ser considerada a primeira etapa da educação básica.
Presumindo, portanto, que as creches brasileiras deixariam de possuir o caráter
assistencialista de quando estavam sobre responsabilidade, em sua maioria, da
secretaria de ação social. Não era exigido nenhum nível de escolaridade aos profissionais
que atuavam diretamente com as crianças, mas a partir da LDB a formação de
magistério passou a ser obrigatória.
A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDB) diz em seus artigos 29 e 62:
“Art. 29: A educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da crianças de até 5 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.”
”Art. 62: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior em curso de licenciatura de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício em magistério na educação infantil e nas quatros primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio modalidade normal”
“Art. 29: A educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da crianças de até 5 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.”
”Art. 62: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior em curso de licenciatura de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida como formação mínima para o exercício em magistério na educação infantil e nas quatros primeiras séries do ensino fundamental, oferecida em nível médio modalidade normal”
Segundo o
Plano Nacional de Educação aprovado pela Lei 10.172 de 09 de janeiro de 2001,
tendo sua elaboração prevista pela Constituição Federal, no que diz respeito às
diretrizes define:
“A educação
infantil é a primeira etapa da educação básica. Ela estabelece as bases da
personalidade humana, da inteligência, da vida emocional, da socialização. As
primeiras experiências da vida são as que marcam mais profundamente a pessoas.
Quando produtiva, tendem a reforçar, ao longo da vida, as atitudes de
autoconfiança, de cooperação, solidariedade e responsabilidade. A formação dos
profissionais da educação infantil merecerá uma atenção especial, dada a
relevância de sua atuação na faixa de 0 a 5 anos incluem o conhecimento das
bases científicas do desenvolvimento das crianças, da produção de aprendizado e
habilidade reflexão sobre a prática, de sorte que esta, se torne cada vez mais
forte de nossos conhecimentos e habilidade na educação das crianças. Além de
formação acadêmica prévia, requer-se a formação permanente, inserida no
trabalho pedagógico nutrindo-se dele e renovando-o constantemente. ”
A
partir dos aportes teórico de Saretta e Aragão (2013), uma educação de
qualidade, portanto, passa necessariamente pela identidade do professor, por
seu entendimento do que é educação, construído coletivamente por toda a
comunidade escolar (alunos, professores, pais, gestores, funcionários,
comunidade).
De
acordo com Saretta e Aragão (2013), os pais, que são quem escolhe as escolas, os
professores e educadores que trabalham com crianças pequenas, precisam pensar
seriamente sobre tudo isso. Os pais
devem acompanhar e verificar se a escola que seu filho estuda, incentiva a
formação continuada dos docentes, com reuniões de estudos sistemáticos, por
exemplo. Jamais devem permitir e aceitar que seu filho seja cuidado e educado
por um espaço que não tenha compromisso com a qualidade, por pessoas que não
tenham consciência de suas práticas pedagógicas e que não compreendem cada
etapa do desenvolvimento infantil.
Referências:
REBELO,
Ângela: A Educação Infantil Na Nova LDB. Disponível em: http://pedagogia.tripod.com/infantil/novaldb.htm:
Acesso em: 06.03.2016
SARETTA,
P; ARAGÃO, M. Professora SIM, Tia NÃO”: gostar de criança não basta: Disponível em: uvindocriancas.com.br/2013/04/05/professora-sim-tia-nao-gostar-de-crianca-nao-basta-para-ser-professora/: Acesso em: 06.03.2016